1 de dez. de 2008

Coluna Diário Motorsport nº 8 - Terça-feira, 2 de dezembro de 2008

RUBENS BARRICHELLO


No atual cenário da Fórmula 1, diante de um novo regulamento, a experiência de um piloto como Rubens Barrichello pode fazer a diferença
Foto Vinícius Nunes/JV Photo Racing

Vou pedir licença aos amigos para apresentar, excepcionalmente hoje, uma coluna diferente das demais. É iminente o anúncio da dupla da Honda para 2009. Assim, gostaria de publicar aqui, na íntegra, a matéria que escrevi na MOTORSPORT BRASIL nº 31, edição especial de Fórmula 1, apenas editada para a coluna. Nela, defendo a tese de que Rubens Barrichello tem de permanecer na Fórmula 1, na Honda ou em outro time. Sobre a edição, Foram distribuídos, somente nas áreas VIP's durante os três dias do GP Brasil, 12.000 exemplares, de uma tiragem total de 30.000.

MUITA LENHA AINDA PARA QUEIMAR



Embora as incertezas rondem a carreira de Rubens Barrichello nessa fase final de campeonato, se depender da vontade do vice-campeão mundial, ele permanecerá mais tempo na Fórmula 1

Rubens Barrichello não teve um ano ruim como o de 2007. Ele pôde bater o recorde de participações em Grandes Prêmios, conseguiu um pódio na prova de Silverstone e mostrou que, com sua experiência, tem participação importante em qualquer time que esteja buscando evolução. Mas nada disso está sendo suficiente para aplacar uma situação nada confortável. Às vésperas de completar a 16ª temporada como piloto titular na Fórmula 1, aos 36 anos ele se vê às voltas com incertezas quanto ao futuro. Suas manifestações são inequívocas no sentido de querer continuar. Sente-se suficientemente forte, motivado e competitivo para não dar por encerrada a sua trajetória de sucesso na categoria.

DESCONFORTO NA HONDA
A falta de definição da Honda gerou enorme desconforto para Barrichello, que chegou a reclamar dessa situação quase na forma de apelo. Conversas com a Toro Rosso estariam sendo conduzidas. Mas qualquer que seja o seu destino, o fato é que ele se encontra naquela fase em que o piloto se vê numa corda bamba. Se a idade e os vários campeonatos disputados lhe conferem experiência suficiente para ser peça chave em qualquer desenvolvimento, principalmente em vias de novo regulamento, há uma enorme fila de jovens talentos querendo entrar no seleto e exclusivo mundo da Fórmula 1. Entre valorizar a experiência e a capitulação, o vice-campeão de 2002 e 2004 aposta no seu taco e se recusa a imaginar que a prova do dia 2 de novembro seja a última da carreira.

EXPERIÊNCIA VALIOSA
Nesse particular, a grande virtude de Rubens Barrichello é a sua ampla experiência. A prova de Interlagos vai gerar um total de 260 Grandes Prêmios disputados e as passagens prolongadas por todas as equipes para as quais pilotou dão bem um testemunho do trabalho sério que é realizado pelo piloto brasileiro. Seria oportuno que pudesse permanecer não só porque está com muita vontade para isso, mas para permitir que administrasse o seu processo de aposentadoria mostrando serviço em um carro competitivo.

"VACAS MAGRAS"
Diversas teorias poderiam ser colocadas à mesa para explicar como uma equipe com a tradição e poderio da Honda não consegue transformar em resultados de pista o grande volume de dinheiro investido na categoria pela gigante japonesa do automóvel. Qualquer que seja a explicação para um período tão longo de “vacas magras”, é lícito supor também que a capacidade que a Honda tem para reverter tão situação é uma realidade. Assim, nada mais justo do que manter quem deu o seu melhor para ajudar na superação da crise. Ao longo do campeonato deste ano, foram diversas as ocasiões em que a equipe como um todo - incluindo também o inglês Jenson Button - não passou da primeira classificação. Foi muito tempo de trabalho sobre um projeto que, imediatamente após o seu lançamento, já dava sinais de problemas de rendimento.

SUPERANDO OBSTÁCULOS
Apesar disso, coube a Barrichello reunir, ao longo do ano, os melhores resultados da Honda. Além do pódio no Grande Prêmio da Inglaterra, pontuou em outras duas provas (em paralelo, Jenson Button só conseguiu figurar na zona de pontuação uma única vez). Independentemente de minguados, são dados que reforçam a sua impressionan­te passagem pela categoria, com números fartos.

PERMANÊNCIA POR MERECIMENTO E JUSTIÇA
É claro que pelo menos mais uma temporada de Barrichello na Fórmula 1 seria justo e promissora na medida em que lhe permitia repetir performances de outros períodos. Ou pelo menos tentar. Mas também é verdade que o mundo não vai acabar e nem ele vai morrer se isso não acontecer. Em caso de ocorrer essa transição para a aposentadoria agora - em lugar do que seria mais correto, daqui um ou dois anos - ficarão os registros de uma carreira sólida e marcada pela competência, embora com algumas situações nada memoráveis.

O LIVRO DE BARRICHELLO
A grande provação de Barrichello foi seu período na Ferrari. Seus melhores resultados, inclusive as nove vitórias que tem no currículo, são dessa fase. Mas não foi fácil conviver em uma equipe totalmente vocacionada a atender prioritariamente Michael Schumacher. Essa história ainda está para ser contada. Quem sabe em um livro escrito por Rubens Barrichello? Pode ser um plano de aposentadoria, mas não para agora, pois ele tem ainda muita lenha para queimar, na Honda ou em outro lugar.

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